Um dia deparei-me a um quadro original,
Belo em simplicidade e de valor real.
Num curioso gesto, eu quis analisá-lo,
Os seus traços olhando e ousei interpretá-lo.
Era um quadro comum, retrato de mulher.
Enfeite não trazia ou pintura sequer!
E, no entanto, era tal o rosto e a expressão,
Que me falou direto à mente e coração.
No seu cansado olhar eu pude muito ler,
No afã da vida intensa o cumprir do dever.
No lar é esposa, amiga, fiel e delicada.
É carinhosa mãe, vive sempre ocupada...
Em dar aos filhos seus um mundo de carinho...
E vê-lo pisar flores em seu caminho!
Mas não parou aí seu mister divinal:
Lutadora do bem, combatendo contra o mal,
Crianças – um milhar – a ela foram ter,
Levando de suas mãos as luzes do saber.
Ao Brasil, de sua vida, o melhor ela deu!
Para longe partiu o querido filho seu.
Em seu olhar profundo e triste de saudade,
Há viva a esperança de felicidade,
Por haver concorrido, em pequena parcela,
A engrandecer a pátria, a tão querida dela!
E o que ganhou? Não foi o ouro vil, nem glória,
Somente uma coroa – os louros da vitória –
De cabelos tecida e que se embranqueceram,
Que pelo sofrimento sua cor perderam!
Nos lábios seus sorrindo, eu vejo um grande mundo,
De ensinamentos sãos e de um valor profundo.
Seu todo é de ousadia, enfrenta sacrifícios,
Batalha neste mundo encharcado de vícios,
Soube vencer com fé a toda dificuldade,
Amando sempre o bem, a justiça e a verdade!
E muda, extasiada, eu pude então notar...
Que aquele belo quadro era a mim familiar...
E, num grito feliz, de alegria fui tomado,
No retrato revi minha mãe por quem fui muito amado!
Léa Costa Araújo
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