domingo, 24 de setembro de 2017

** "Chamados à partilhar"

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   "Reparte teu pão com o faminto" 
Isaías 58:7
          Certa vez, Jesus, ao perceber uma enorme multidão que o seguia, sedenta da Palavra de Deus, fez notar aos seus discípulos que não podiam despedir aquelas pessoas sem oferecer-lhes alimento para o caminho. Faz aos apóstolos um convite: «dai-lhes vós mesmos de comer» (cf. Mateus 14,16).
          Aqueles homens e nós, num instante, tomamos consciência de que as pessoas esperam muito mais de nós do que, de fato, podemos oferecer-lhes. Talvez tenhamos a tentação de hesitar diante de certas exigências e, assim, o Senhor nos diz, como aos apóstolos: «você deve dar aquilo de que necessitam».
          O segredo é o mesmo do Evangelho: cinco pães e dois peixes! Era tudo o que naquele instante eles tinham, mas também era tudo o que o Senhor precisava porque para Ele não contava a quantidade daquilo que possuiam, mas algo que ia além do possuído: a generosidade em repartir.
          Muitas pessoas, ao pensar em acolher o chamado divino, titubeiam ao considerar a escassez de seus meios, de suas qualidades, de seus dotes pessoais. Esquecem-se que Deus não precisa de nossos meios, mas quer precisar sim de nossa coragem de entregar tudo – quase nada – que temos. Ao repartir o que temos e o que somos com os demais fazemos a experiência de uma alegria que não encontra obstáculo, precisamente porque é livre. Aquele que rejeita repartir o que tem, mostra-se inapto para o Reino de Deus porque não possui a liberdade mínima que ele exige: ser livre para entregar-se. Repartir os bens, repartir o pão não é somente um gesto de solidariedade com o irmão que sofre, é também expressão daquilo que somos, de como nos compreendemos e de como compreendemos os bens dessa terra e os demais. É manifestação de uma sólida consciência de que os bens criados são relativos e, portanto, devem ser colocados, também eles, a serviço do Senhor. Por outro lado também, essa atitude revela a compreensão profunda de que não se está sozinho neste mundo e que não podemos viver à margem dos demais. A humanidade está misteriosamente unida n’Aquele que lhe deu a existência como presente.
          A solidariedade que o Reino exige é fruto, por um lado, da certeza de que a humanidade é una e que, portanto, quando um irmão sofre, todos os homens sofrem. Por outro lado revela também a fé naquelas palavras fortes do Evangelho: «a mim o fizestes» (cf. Mt 25, 40).
          Repartir o pão, partilhar a vida são gestos profundamente relacionados dentro da vocação pois se trata de devolver a Deus, na liberdade, aquilo que Deus nos deu, num sentido de profunda gratidão e reconhecimento. Quem não aprendeu a partilha, não sabe nada da fé porque não aprendeu aquilo que lhe é essencial: amar como Jesus, amar sem medidas.


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