Estêvão diante do Sinédrio, o conselho religioso judaico, que o acusava de blasfêmia inicia sua defesa.
"Então o sumo sacerdote perguntou a Estêvão:
"São verdadeiras estas acusações?"
A isso ele respondeu:
"Irmãos e pais,
ouçam-me!
O Deus glorioso apareceu a Abraão,
nosso pai,
estando ele ainda na Mesopotâmia,
antes de morar em Harã,
e lhe disse:
'Saia da sua terra e do meio dos seus parentes
e vá para a terra que eu lhe mostrarei'.
"Então,
ele saiu da terra dos caldeus
e se estabeleceu em Harã.
Depois da morte de seu pai,
Deus o trouxe a esta terra,
onde vocês agora vivem.
Deus não lhe deu nenhuma herança aqui,
nem mesmo o espaço de um pé.
Mas lhe prometeu que ele e,
depois dele,
seus descendentes,
possuiriam a terra,
embora,
naquele tempo,
Abraão não tivesse filhos."
Atos 7. 1 a 5
Estêvão estava diante do mais alto tribunal de Israel, acusado de blasfêmia, uma ofensa que poderia levar à morte. A pergunta do sumo sacerdote era direta: "São verdadeiras estas acusações?" (v. 1). Em vez de se defender imediatamente, Estêvão começa seu discurso com respeito: "Irmãos e pais, ouçam-me!" (v. 2a).
Estêvão não se intimidou. Sua atitude demonstra a serenidade e a ousadia que vêm de uma vida cheia do Espírito Santo (Atos 6:5, 8). Em sua vida, você já esteve sob pressão para negar sua fé ou se calar? A coragem de Estêvão nos lembra que o Espírito Santo nos capacita a manter a calma e a dignidade, mesmo quando somos confrontados por nossa fé.
Estêvão começa sua narrativa com o mais fundamental dos temas para um judeu: a história de Abraão e o chamado de Deus. Ele não fala de Abraão como um homem, mas descreve a iniciativa divina: "O Deus glorioso apareceu a Abraão..." (v. 2b). Ao usar este título, Estêvão eleva a discussão, focando na majestade de Deus antes de qualquer ação humana.
Deus é o "Deus glorioso". Ele é quem inicia, quem aparece, quem fala. Sua glória e soberania são o ponto de partida de toda a história da salvação. Sua fé começa com Ele, não com você. Você tem reconhecido a glória de Deus em sua vida diária? O chamado d'Ele é sempre mais importante que o seu medo.
Deus deu a Abraão uma ordem clara: "Saia da sua terra... e vá para a terra que eu lhe mostrarei" (v. 3). O versículo 5 é crucial: Deus não deu a Abraão nenhuma herança imediata, "nem mesmo o espaço de um pé". A posse da terra era uma promessa futura, não uma realidade presente.
Estêvão lembra aos seus ouvintes (e a nós) que Abraão foi um peregrino. Ele viveu pela fé na promessa de Deus, não pela posse tangível no presente.
* Somos chamados a ser peregrinos da fé. Nossa herança mais importante não é aquilo que possuímos hoje (dinheiro, casa, status), mas sim a promessa de vida eterna e a presença de Deus, que se cumprirá plenamente no futuro.
* Obediência é sair do que é familiar. Como Abraão, Deus pode nos chamar a deixar o que é cômodo e seguro (nossa "terra e parentes") para seguir um caminho que Ele ainda está nos "mostrando".