quarta-feira, 24 de novembro de 2021

"Daniel 5"


 “Quem crê no Filho tem a vida eterna;

já quem rejeita o Filho não verá a vida,

mas a ira de Deus permanece sobre ele". 

João 3:36



    

Muitas vezes nosso problema é que sabemos o que fazer e não fazemos. Em Daniel 5 o rei Belsazar, de Babilônia, sabia o que fazer, mas não fez. Seu problema não era falta de informação, mas de não querer lidar com ela. Daniel 5:1 “O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus grandes, e bebeu vinho na presença dos mil.” O rei queria ser famoso. Nas Escrituras, sua única contribuição é que ele fez uma festa, mais nada. Ele gostava de comer, beber e se regalar. Alguém disse que bons comedores e bebedores dificilmente são bons em qualquer outra coisa. 

Eram mil os convidados ao banquete. Tudo fora preparado para ser uma festa memorável. Pense que está na Babilônia e imagine-se caminhando por suas largas ruas. A Lua brilha no céu, as estrelas cintilam como diamantes. As imagens douradas da cidade faíscam à luz do luar. Ouve-se então música de instrumentos de sopro, cítaras e percussão. Ao olharmos pelas janelas do palácio, vemos uma magnífica e régia sala de banquetes. A orquestra real anima a festa. Os homens e mulheres da realeza estão trajados com suas longas e ricas vestes, e joias caríssimas. Suas mentes acham-se entorpecidas pelo álcool e seus movimentos eram descoordenados e grotescos. A orgia seguia sem controle. 

Em dado momento o rei Belsazar ergue sua voz enrolada e ordena de forma desafiadora: “Tragam-me as taças!”

Em Daniel 5:2-4. Belsazar estava bêbado, com a mente totalmente confusa. A consciência está dopada. “Havendo Belsazar provado o vinho, mandou trazer os utensílios de ouro e de prata que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo que estava em Jerusalém, para que bebessem neles o rei, os seus grandes e as suas mulheres e concubinas. Então, trouxeram os utensílios de ouro, que foram tirados do templo da Casa de Deus, que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus grandes, as suas mulheres e concubinas. Beberam o vinho e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de cobre, de ferro, de madeira e de pedra.” 

Imagine que setenta anos antes, mais ou menos, o rei Nabucodonosor foi a Jerusalém e confiscou os candelabros e todos os utensílios de ouro do templo, inclusive os vasos e taças usados no serviço do Senhor. Em seu estado de embriaguez, Belsazar ordena: “Tragam os candelabros e os utensílios de ouro.” Esses objetos sagrados foram feitos quando da construção do santuário terrestre, o tabernáculo, por Moisés. Nesse templo os israelitas louvavam e adoravam a Deus. No templo construído por Salomão, o serviço prosseguiu por séculos, com os objetos de ouro tratados com a mais alta reverência.

Agora os idólatras babilônios apanham as mesmas taças usados para o culto a Deus e trazem-nas para uso em sua sórdida orgia. Esse foi o último desafio do imoral Belsazar, porque há uma linha que Deus traçou na areia. Existe um limite onde Deus diz: “Você pode ir até aqui em seu desafio e não mais além.”

Daniel 5:5, 6 - “Na mesma hora, apareceram uns dedos de mão de homem e escreviam, defronte do castiçal, na estucada parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo. Então, se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro.”

Em meio àquela orgia e festividade pagã, onde ressoavam risos sarcásticos regados a muito vinho embriagante, a mão de Deus escreveu na parede com letras de fogo, estranhas e misteriosas palavras. A Bíblia diz que o semblante do rei mudou. Ele ficou branco como um fantasma e se perturbou muito. De súbito, sua mente foi trazida à realidade. Sua cabeça rodava, o estômago estava revirado e ele procurou por algum medicamento. Seus joelhos tremiam descontrolados.

Pense nisso: no princípio, o rei era o centro das atenções, desafiando e blasfemando-o Ele ria e brincava abraçado a várias mulheres. Em meio à sua arrogância etílica, mandou: “Ei, tragam as taças até aqui pois iremos honrar ao Deus dos hebreus.” Quando levava aos lábios a taça sagrada, agora poluída com intoxicante bebida, a mão aparece escrevendo na parede.

Belsazar não entendeu as misteriosas palavras. Mas seu semblante se transtornou e tornou-se pálido. Ficou com súbita azia e dor de cabeça. As mãos tremiam e os joelhos batiam um no outro. Agora ele repete o gesto de seu avô, Nabucodonosor, fez em duas ocasiões diferentes. Daniel 5:7: “E ordenou o rei, com força, que se introduzissem os astrólogos, os caldeus e os adivinhadores; e falou o rei e disse aos sábios de Babilônia: Qualquer que ler esta escritura e me declarar a sua interpretação será vestido de púrpura, e trará uma cadeia de ouro ao pescoço, e será, no reino, o terceiro dominador.” Belsazar não aprendera com a experiência de seu ancestral. Repetiu o erro e de maneira blasfema, acintosa.

Entram, então, os astrólogos, os caldeus e os adivinhadores. O rei prometeu-lhes honras e glória a quem decifrasse a mensagem da parede. Mas, houve um problema: (Daniel 5:8) “Então, entraram todos os sábios do rei; mas não puderam ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação.”

Vamos ler Daniel 5:10-12: “Ora a rainha, por causa das palavras do rei e dos seus grandes, entrou na casa do banquete; e a rainha disse: Ó rei, vive para sempre; não te perturbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante. Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus, e dos adivinhadores, porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e conhecimento e entendimento para interpretar sonhos, explicar enigmas e resolver dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de Beltessazar. Chame-se, pois, agora, Daniel, e ele dará a interpretação.”

Daniel, a essa altura, deveria estar com cerca de 85 anos de idade. Por 70 anos viveu ele nesse reino e conheceu os tempos épicos de Babilônia, sua magnificência e grandeza. Daniel tinha excelente reputação junto à corte. Os elogios da rainha bem podem justificá-la. Ele era um homem de Deus, tinha “o espírito dos deuses santos” e podia resolver problemas, dirimir dúvidas, interpretar sonhos. Estava, portanto, apto a atender ao angustiado rei.

“Então Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou o rei, e disse a Daniel: És tu aquele Daniel, um dos cativos de Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá? Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos deuses está em ti…” Daniel 5:13 e 14.

O rei bêbado tenta ridicularizar a Daniel. Imagine situação; Daniel é o mais velho conselheiro do império babilônico. Ele viveu ali por 70 anos e Belsazar, um sujeito antipático, rebelde e arrogante, que estava completamente embriagado, olha para esse homem íntegro e tenta desfazê-lo.

Ora, majestade, rei Belsazar, quem você pensa que estava governando o seu império quando Nabucodonosor ficou comendo grama por sete anos? Daniel. Com sua grande capacidade administrativa, esse douto estadista, intelectual e filósofo tratou dos negócios reais durante o tempo de ausência de Nabucodonosor. Agora, Belsazar diz: “Acho que já ouvi falar sobre você. Ah, um escravo judeu.” Alguém disse que o bêbado costuma falar muito mais e dizer muito menos.

Verso 16: “Ouvi dizer, porém, a teu respeito que podes dar interpretações e resolver dúvidas. Agora, pois, se puderes ler esta escritura e fazer-me saber a sua interpretação, serás vestido de púrpura, e terás cadeia de ouro ao pescoço, e no reino serás o terceiro governante.” Isso parece bem uma tentativa de suborno, não é? Por que Daniel desejaria ser o terceiro no reino, se fora o segundo dirigente no reinado de Nabucodonosor?

A resposta de Daniel: “Os teus presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outro; todavia, vou ler ao rei o escrito, e lhe farei saber a interpretação.” (Verso 17). Em outras palavras: “Não me interessa o quanto você paga; eu não posso ser comprado.” Você certamente já ouviu a máxima popular de que todo homem tem seu preço.

A essa altura dos acontecimentos, a banda real já havia parado de tocar. Os copos de vinho, que estavam pela metade, são colocados à mesa por mãos trementes. Todos olhavam fixamente para a parede e a inscrição nela feita. Onde antes havia algazarra, gargalhadas desenfreadas e luxúria, agora reina nervosismo e ansiedade. Quando Daniel se apresentou, todos os olhos se voltaram para ele. Daniel sabia que naquela noite os pés dos soldados medos-persas estavam marchando rumo a Babilônia, e que o sangue do rei Belsazar seria derramado sobre o piso de mármore do salão de banquetes. Ele sabia que ninguém, exceto ele, sairia vivo daquele salão de festas.

Esse homem de Deus fez, então, seu último apelo. Daniel ficou em pé à frente de todos aqueles cortesãos e eloquentemente começa a traçar a história de Israel e Babilônia. Ele fala para mais de mil homens e mulheres meio embriagados. Daniel 5:18: “O Altíssimo Deus, ó rei, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino e a grandeza, glória e majestade.”

Belsazar agiu como um néscio, um tolo e desprezou a sabedoria de Deus. Daniel, sem qualquer embaraço ou constrangimento, começou a interpretar a escrita: “Esta pois é a interpretação - MENE: contou Deus o teu reino, e o acabou. TEQUEL: pesado foste na balança e foste achado em falta. PERES: dividido está o teu reino e entregue aos medos e persas.” Daniel 5:26 a 28.

Essa foi a última noite dos babilônios e do rei Belsazar. Eles encheram a taça de sua iniquidade. As demonstrações acumuladas de pecado dessa nação atingiram um ponto onde Deus disse: “Basta!” Os babilônios cruzaram a linha limite que Deus traçara. Daniel disse: “Pesado foste na balança e foste achado em falta.”

As portas do imenso salão de festas foram escancaradas de súbito, e as espadas dos soldados medos-persas cintilaram sob a luz das velas dos candelabros. Belsazar foi trespassado pela espada persa e seu corpo jazeu numa poça de sangue. Aquela festa profana terminou de modo sangrento.

Foi um massacre horrível que se estendeu por toda a Babilônia. A misericórdia de Deus se esgotara para aquela ímpia nação. O anjo da graça desdobrara suas asas e voltou ao Céu. A hora do julgamento havia chegado com o fatal veredicto.

Há sempre tempo para a última dança, a última festa, o último drinque, a última noitada. O tempo, todavia, está se esgotando para todos nós também. Ninguém se perderá por ter feito ou deixado de fazer algo. Ninguém se perderá pelas coisas que deixou de saber. As pessoas se perderão porque não fizeram aquilo de que tinham conhecimento. Porque Deus deixou que Sua luz brilhasse generosamente sobre todos. Deu-nos inúmeras oportunidades a todos, mas muitos recusam todas elas porque tinham outros interesses terrenos. Desprezam a misericórdia, recusam a graça, rejeitam a Cristo.

Deus deu tempo para Belsazar, mas ele se voltou contra o Senhor. 

Como a Babilônia, este mundo está chegando ao final. Os juízos de Deus logo se abaterão sobre este planeta impenitente, e o mundo viverá sua última noite. Alguns pedirão um pouco mais de tempo, mas não poderão ser atendidos.

Jesus lhe diz agora: “Você quer seguir as pegadas de Belsazar, meu filho, e perder-se no último momento? Você sabe que voltarei e que precisa preparar-se, mas diz: Não agora. Por quê?”

Você sabe, tem conhecimento, mas não faz, não pratica o que conhece. Você não quer agora, abrir seu coração a Cristo, enquanto a misericórdia ainda continua intercedendo, enquanto a graça se prolonga por um pouco mais? Não se engane, estamos vivendo as últimas horas de nossa história. O amorável Pai está fazendo Seu último apelo, Seu último chamado.

Vamos orar, ainda há tempo de graça: “Senhor, nestas últimas e poucas horas restantes da história deste mundo, quero abrir meu coração a Ti. Quero ser teu servo. Quero entregar tudo ao Senhor. Pai, ajuda-nos a perceber que este é o momento de nos entregarmos completamente a Ti.”


@anisacheirodeafeto



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