quarta-feira, 5 de março de 2014

"Ato de Caridade"

                                            

          Que eu faça o bem, e de tal modo o faça,
          Que ninguém saiba quanto me custou:
          -Deus, espero de ti mais esta graça:
          Que eu seja bom sem parecer que sou.
          Que o poco que me dês me satisfaça,
          E se, de pouco mesmo, algum sobrou,
          Que eu leve essa migalha aonde a desgraça
          Inesperadamente penetrou.
          Que a minha mesa, a mais, tenha um talher,
          Que será, meu Deus, Pai nosso,
          Para o pobre faminto que vier.
          Que eu transponha tropeços e embaraços:
          -Que eu não coma, sozinho, o pão que possa
          Ser partido, por mim, em dois pedaços.

                                             Djalma de Andrade
                                               (com permissão)



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