Que ninguém saiba quanto me custou:
-Deus, espero de ti mais esta graça:
Que eu seja bom sem parecer que sou.
Que o poco que me dês me satisfaça,
E se, de pouco mesmo, algum sobrou,
Que eu leve essa migalha aonde a desgraça
Inesperadamente penetrou.
Que a minha mesa, a mais, tenha um talher,
Que será, meu Deus, Pai nosso,
Para o pobre faminto que vier.
Que eu transponha tropeços e embaraços:
-Que eu não coma, sozinho, o pão que possa
Ser partido, por mim, em dois pedaços.
Djalma de Andrade
(com permissão)
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