quarta-feira, 24 de novembro de 2021

"Daniel 6"


‘O Senhor é bom,

um refúgio em tempos de angústia.

Ele protege os que nele confiam.”

Naum 1:7



Babilônia cai e cede seu domínio aos medos-persas. E o rei medo-persa escolhe Daniel, o primeiro-ministro, o secretário do estado, Daniel, nomeando-o como segundo presidente. Dario achou em Daniel um homem íntegro e colocou-o como primeiro presidente. 

O Dario, o medo, de que fala esse capítulo foi o rei que derrotou os babilônios, e ele constituiu a Daniel como homem de confiança do primeiro escalão: “Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino a cento e vinte Sátrapas, que estivessem sobre todo o reino, e sobre eles três presidentes, dos quais Daniel era um…” Temos aqui, então uma nova estrutura governamental. Quando um império tomava a hegemonia mundial de outro, era implantada uma nova estrutura política: Portanto, o rei constituiu três presidentes, e colocou Daniel como primeiro presidente. Abaixo destes três presidentes existiam outros 120 príncipes. Todos os príncipes prestavam contas aos presidentes e esses a Daniel, que por sua vez prestava contas diretamente ao rei. Logo que os dois outros presidentes começaram a perceber a indicação do rei, ciúme e inveja começaram a desenvolver-se em seus corações.

O capítulo 6 revela a consequência do ciúme e o perigo de permitir que os pecados se desenvolvam em nossa mente. “Então o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e sátrapas, porque nele havia um espírito excelente, e o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino. Então os presidentes e os sátrapas procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino, mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma, porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício ou culpa.” (Dan. 6:4) Perceba a inveja e o ciúme. A Bíblia diz que “não podiam achar ocasião ou culpa alguma.”

Eles grampearam a linha telefônica direta de Daniel com o rei, checaram sua correspondência real depois que ele ia para casa, à noite. Entravam em seu escritório, pegavam a sua correspondência e a liam. “Quantos fãs medos-persas ele conseguiu hoje? Quantos políticos denunciou? Quanto de propina levou para casa? Sabemos que todos são desonestos, que todos roubam um pouquinho, pelo menos. Talvez ele esteja desviando recursos reais para sua aposentadoria. Ninguém é perfeito e honesto.”

Investigavam tudo quanto podiam para descobrir algum indício incriminatório. Sua vida foi dissecada minuciosamente, até mesmo o que dizia quando em missão real, suas atitudes particulares e íntimas… “Podemos usar alguma coisa contra ele? Há todos os indícios de que ele será o próximo rei; com certeza, pois é o primeiro presidente. Quem sabe queira planejar um golpe para depor Dario. Certamente ele é um velho homem, mas vai tentar manobrar e destruir o reino.” Checaram suas economias, palavras, ambições, vida pública, vida privada, tudo, tudo. Ele foi totalmente investigado, mas não acharam nada.

Como aqueles inquisidores nada puderam achar, disseram: “Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus.” (verso 5) Se alguém acusá-lo de ser leal a Deus, continue sendo. Se alguém o condena porque você tem princípios, se o motivo da ridicularização são seus firmes valores morais, não há problema. Se alguém o censura e marginaliza por motivo de ciúmes, inveja, maldade ou qualquer razão infundada, continue assim.

Os versos seguintes dizem: “Então estes presidentes e sátrapas foram juntos ao rei, e disseram-lhe: Ó rei vive para sempre! Todos os presidentes do reino, os prefeitos e sátrapas, conselheiros e governadores, concordaram em que o rei devia baixar um decreto e fazer firme o interdito, que qualquer que, por espaço de trinta dias, fizer uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões.” O que esse texto nos traz de pronto à mente? Uma mentira deslavada, cínica! Em outras palavras eles disseram: “Todos os presidentes do reino se reuniram e resolveram que não adoraremos outro deus, exceto tu.” Todos os presidentes se reuniram? O primeiro presidente estava de acordo com eles? Não adoraria ele nenhum outro deus exceto Dario?

A inveja explodiu em ciúme, e esse os levou a mentir. Sua mentira descarada eclodiu no desejo de condenar à morte um homem inocente.

Os inimigos de Daniel foram ver o rei. “Agora, ó rei, estabelece o interdito, e assina a escritura, para que não seja mudada, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se pode revogar.” No império medo-persa, quando uma lei era aprovada, nem mesmo o rei tinha. poderes para revogá-la. A lei era o mestre, e uma vez assinada, todos deviam servi-la. “Por esta causa o rei Dario assinou a escritura e o interdito.” (Verso 9) Ora, quando Daniel soube que o decreto real fora assinado, entrou em sua casa e foi para seu quarto, no andar superior, “onde as janelas estavam abertas para os lados de Jerusalém. Três vezes ao dia se punha de joelhos, orava e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer.” (Verso 10)

O profeta e estadista hebreu não permitiria que a obediência a Dario interrompesse seu relacionamento com Deus. Daniel sabia que Deus tinha estado com ele durante 70 anos no império babilônico. Tinha plena consciência e certeza de que Deus lhe tinha dado capacidades para servi-Lo, quando ainda adolescente. Sabia também que havia sido Deus que o ajudara a passar nos testes diante do erudito rei Nabucodonosor, e que lhe dera inteligência, conhecimento e capacidade. Ele sabia que foi Deus quem lhe deu a interpretação do sonho do rei. Testemunhara o livramento de seus amigos Sadraque, Mesaque e Abede-Nego da fornalha ardente. Daniel sabia que fora Deus que o ajudara a manter o reino unido por sete anos, enquanto Nabucodonosor estava sob a ação da terrível insanidade, comendo grama como um bovino. Ele sabia que tinha sido Deus que o fizera interpretar o sonho do juízo e aquela grande árvore no capítulo 4 de Daniel. Estava plenamente convicto de que havia sido Deus que lhe permitira interpretar a escrita na parede e quem o tinha posto como primeiro presidente do reino medo-persa. Tinha certeza de que Deus estaria com ele nos momentos cruciais que enfrentaria. Sua fé não vacilaria agora, pois ele fazia de Deus a fonte de sua força e energia.

Para Daniel, a oração não era algo que subia até o teto, resvalava e voltava para baixo. Não era algo sem sentido ou uma fórmula decorada. A oração era vida para sua alma, vitalidade de sua vida. Por isso, ajoelhado, Daniel orou. “Então aqueles homens foram juntos, e acharam a Daniel orando e suplicando diante do seu Deus.”

O centro do conflito é a lei de Deus em confronto com a lei dos homens. Um dos mandamentos de Deus diz: “Não terás outros deuses diante de Mim”; a lei dos medos-persas dizia: Não adore a ninguém senão ao rei Dario. A lei de Deus e a lei dos homens estavam em conflito. A adoração a Deus ou a adoração a Dario era o motivo do embate. No fim da vida de Daniel aconteceu um conflito sobre a adoração. Quem você adora? Como você adora? Quando você adora? Percebem? A quem você adora, Deus ou os homens? Como você adora, seguindo as ordens de Deus ou dos homens? Você suspenderia sua adoração durante um mês? Nos próximos 30 dias só Dario pode ser adorado, portanto, há aqui um problema de tempo. Ao final de sua existência, Daniel enfrentou um teste de lealdade para com a lei de Deus e adoração.

Daniel 6:16 – “Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e o lançassem na cova dos leões. Disse o rei a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, ele te livrará.” Até Dario reconheceu que Daniel era servo de Deus. Na verdade, antes desse verso podemos ver a reação do próprio Dario, que percebera a farsa engendrada contra Daniel, mas nada podia fazer após ter assinado o decreto. Lemos nos versos 14 e 15: “O rei ficou muito penalizado, e a favor de Daniel propôs no coração livrá-lo, e até ao pôr-do-sol trabalhou por salvá-lo.” O rei percebeu: ‘Eles me enganaram.” Quero livrar Daniel deste problema. Ele não é um rebelado. “Então aqueles homens foram juntos ao rei, e lhe disseram: Sabe, ó rei, que é uma lei dos medos e dos persas que nenhum interdito ou decreto, que o rei estabeleça, se pode mudar.” A lei dizia que nem mesmo o rei podia modificar a lei, e se ele o fizesse, seria deposto. Dario não estava disposto a arriscar o próprio pescoço por Daniel. Então eles trouxeram Daniel e o lançaram na cova dos leões. Uma situação impossível. Leões famintos, ferozes e cruéis esperando no fundo da cova e Daniel é lançado dentro dela. Uma grande pedra foi trazida e a abertura do fosso selada. O rei sela com o seu anel. O verso 18 é clássico: “Então o rei se dirigiu ao seu palácio, e passou a noite em jejum, e não deixou trazer à sua presença instrumentos de música. E fugiu dele o sono.”

O rei Dario foi para casa naquela noite com a consciência pesada, porque sabia que não agira de modo justo com Daniel. Gotas de suor brotavam da sua fronte e rolavam pela face. O estômago doía e ele estava inquieto. Enquanto caminhava pelos corredores do palácio e seus servos se inclinavam diante dele, dizia mal-humorado: “Saiam do meu caminho.” Ele estava muito preocupado. Os servos servem-lhe o jantar e insistem para que coma: “Majestade, aqui está seu jantar.” Sua resposta: “Não quero nada. Tirem esse frango assado daqui. Não quero comer nada esta noite.” O rei foi para sua cama e um servo sorridente veio servir-lhe a última refeição: “Aqui está seu chá com bolachas.” “Não quero nada.” Ele veste seu pijama real, põe-se sob os lençóis de seda e apoia a cabeça no travesseiro. Então veio o músico real tocando acalantos para relaxar o rei, mas esse o despede com rudeza: “Saia daqui!”

A Bíblia diz que ele jejuou aquela noite, que não quis ouvir música e ficou agitado a noite inteira. Gira para um lado, gira para o outro… você pode imaginar a cena? Estava em seu magnífico palácio e não podia dormir. Mesmo que a orquestra real tocasse durante toda a noite, ele não podia repousar.

Lá estava Daniel numa cova imunda, fétida e abafada. O profeta repousa sua cabeça num velho e roto trapo que não era lavado talvez há seis meses ou até mesmo seis anos, e adormece tranquilo, enquanto o rei, no palácio, em pijama real, agitado e virando toda a noite não pode dormir nem um minuto. E bom lembrar que não é a casa onde você vive que lhe permite dormir como uma criança. É a paz concedida por Deus que faz você dormir. Nosso Senhor Jesus Cristo disse: “Olhem para mim; perfeita paz lhes dou. Minha paz dou a vocês.”

Muitas pessoas no mundo pensam que só terão paz se possuírem alguma coisa. Se eu tiver uma casa nova ela me trará paz; se eu tiver um carro novo ele me trará paz; se tiver sapatos novos eles me trarão paz; se tiver uma roupa nova ela me trará paz; se tiver uma nova esposa ela me trará paz. Conheço muitas pessoas assim. Sempre lhes está faltando alguma coisa para conseguir a paz. Assim pensam.

Paz não procede de algo físico, palpável, visível, concreto. Existem pessoas que são movidas por este pensamento: “Se eu puder conseguir, se eu puder comprar, se for a outra festa, terei paz, serei feliz.” Acontece que paz é algo interior. Paz, paz que se origina em Deus, é conforto para o espírito desassossegado. Ela é concedida somente por Deus. Não surpreende que Daniel, apesar de lançado cruelmente numa cova de leões fétida, abafada e nauseante, tenha tido a paz de Deus em seu coração e nada temeu, porque ele sabia que agira honesta e corretamente e tinha certeza que aqueles grandes gatos iriam deitar-se e dormir a noite toda. Contraste gritante viveu o rei Dario, preocupado, ansioso, tenso, apesar de habitar num belíssimo palácio. Não lhe faria diferença a moradia real, nem os régios cofres abarrotados de joias e riquezas. Ele não podia dormir apesar de todos os confortos e segurança física.

Quando você conhece a Deus, Ele lhe proporciona paz ao coração. Deus e Sua paz nos capacitam a enfrentar as situações difíceis com confiança e alegria.

Leiamos Daniel, capítulo 6, versos 19 e 20: “O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano.” Quando os leões da vida, da tentação, da ira, da amargura, do ressentimento, da depressão, do desânimo, rugirem ameaçadores, não tema, tenha paz, Deus é um domador de leões.

Daniel ficou dentro da cova dos leões, mas tinha um “Domador” ali presente, um “Domador” que tornou os leões inofensivos. Existe, sim, um alguém que domestica as mais rapinantes feras e Ele está vigilante por você neste momento. Quem sabe você esteja enfrentando alguns “leões” da tentação, problemas difíceis e intrincados a tal ponto que se assemelham a cova de leões ferozes e famintos. Talvez você tenha sido lançado num fosso do sentimento de perda e lutado contra “leões” os quais não pode dominar. O leão da adversidade parece estar rugindo nos seus ouvidos, e hoje você pede: “Senhor, doma o leão. Acalma a tempestade. Fecha a boca do leão.” E Deus, o grande Domador, vem para a sua cova dos leões e faz todos aqueles grandes felinos dormir.

Agradeço a Deus por Ele continuar a domar leões, por fechar-lhes a boca mortal, por tornar esses grandes felinos de minha vida inofensivos. Ele fez isso por Daniel e certamente fará por você também.

Oremos: “Pai Nosso que está nos céus, Tu és o grande domador de leões e quando a vida se torna dura e o caminho longo, os dias difíceis e o leão parece rugir ameaçadoramente em nossos ouvidos, Tu lhe fechas a boca e nos concede paz em meio à tempestade. Agradecemos-Te muito porque estás conosco e podemos chamar-Te desde o fundo de nossos corações, justamente quando precisamos, exatamente quando cometemos erros e temos medo. Obrigado por isso, querido Deus; em nome de Jesus, amém.”


@anisacheirodeafeto




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